sexta-feira, 2 de março de 2012

A Igreja deve andar na verdade

2 João 1-13

Introdução

Por ocasião do seu julgamento, o Senhor Jesus Cristo quando interrogado por Pôncio Pilatos, explicou a sua missão afirmando que veio ao mundo “a fim de dar testemunho da verdade”. Em contrapartida, Pilatos fez a seguinte indagação: “Que é a verdade?”. Esta pergunta, meus amados irmãos, não incomodou unicamente ao governador romano. Esta pergunta tem sido o questionamento de toda a humanidade ao longo da história.
Com o decorrer da história os cristãos começaram a serem influenciados por diversas teorias e pensamentos e desviaram seus olhares da Palavra de Deus. Esta situação se agravou fortemente na era pós-moderna, na nossa atualidade, onde cada pessoa acha que tem a sua verdade.

Elucidação

Esta carta foi escrita a “Senhora eleita”. Esta é apenas uma expressão usada por João para dirigir-se a igreja local, e não a uma senhora e seus filhos.
A respeito de seu conteúdo, 2 João tem como propósito advertir uma congregação local a respeito dos perigos inerentes encontrados nos ensinamentos de pregadores itinerantes, que ensinavam falsas doutrinas.
A grande preocupação do presbítero é que os filhos de Deus permaneçam fiéis à verdade da Palavra de Deus.
João escreve com o propósito de combater o tratamento imposto à Igreja pelos falsos mestres. Sendo assim, a Igreja cristã tem como dever o caminhar na verdade e evitar todos os falsos ensinamentos.
A palavra “verdade” é mencionada cinco vezes ao longo da carta. De forma, que é nosso propósito tratar a respeito do seguinte tema:
 
TEMA: DE ACORDO COM A INSTRUÇÃO APOSTÓLICA A IGREJA DEVE ANDAR NA VERDADE


I – A VERDADE PRÁTICA (vv. 4-6)

1. Andar verdadeiramente em amor

Uma verdade prática ou experimental nada mais nada menos do que andar verdadeiramente em amor uns para com os outros.
Ele se regozija no conhecimento que tem do fato, de que alguns dos crentes estão andando na verdade revelada em Jesus Cristo. No entanto, devemos observar as palavras de João: “Fiquei sobremodo alegre em ter encontrado dentre os teus filhos os que andam na verdade...”.
Percebe-se claramente, que ele tinha conhecimento que nem todos os membros daquela igreja estavam andando corretamente. A sua alegria em encontrar alguns que caminham na verdade, claramente implica que os outros não estavam andando na verdade.
Tem início aqui situação contrastante entre os membros daquela igreja. Existem aqueles que andam na verdade e aqueles que andam no erro, que andam “segundo as inclinações da carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (Efésios 2.3).
Paulo então exorta aqueles que estão andando em seus próprios pecados, devem por causa da salvação efetuada por Deus em suas vidas, andar unicamente naquele que é a verdade e na sua santa Palavra.

2. Caminhar na verdade é ordenança divina

É interessante ainda, amados irmãos, a complementação do pensamento apostólico, quando da afirmação: “de acordo com o mandamento que recebemos da parte do Pai”. O que se pode aprender dessa afirmação é que trilhar o caminho da verdade não era uma opção para os ouvintes joaninos. Na verdade, trilhar esse caminho era um imperativo, uma ordenança divina. Andar na verdade é um mandamento divino e trilhar o caminho oposto, o caminho do erro é uma flagrante rebeldia contra Deus.
Abandonar a verdade, diz João à Igreja, é um erro infeliz, uma desobediência ativa: Deus não nos revelou a sua verdade de modo tal, que nos deixa livres para, a nosso bel prazer, crermos ou não crermos nela, obedecermos ou desobedecermos. A revelação da verdade divina traz enormes responsabilidades para a vida do cristão.
Este mandamento da parte de Deus para a sua Igreja, diz o apóstolo, não é um mandamento novo. Antes, é um mandamento que foi dado por Deus “desde o início”. Com isso, o apóstolo está enfatizando a necessidade da permanência, da perseverança que a Igreja deve ter na verdade. É dever da Igreja permanecer e defender a verdade que a ela foi revelada.
É dever dela batalhar na defesa da fé que uma vez foi entregue aos santos (Judas 3). Ela é, como disse o apóstolo Paulo, “coluna e baluarte da verdade” (1 Timóteo 3.15).

3. Amando mutuamente aos irmãos: relacionamento interpessoal

No versículo 5, a dimensão prática da verdade, na qual a “senhora eleita” deve permanecer se torna mais claramente perceptível. Este mandamento deve ser cumprido de forma plena no relacionamento interpessoal dos “filhos da senhora eleita”. Este mandamento é o amor mútuo. Amar um ao outro não é uma nova ordem. Na verdade, o amor é a essência da Lei de Deus.
É bem possível que uma divisão estivesse ameaçando o povo de Deus aqui. Por isso, o apóstolo reiterou tal verdade básica. Entres os irmãos havia os que andavam e os que não andavam na verdade, estes últimos acabaram se tornando a preocupação do apóstolo João aqui. Estes irmãos não mostraram a mesma extensão de amor e humildade como fizeram seus outros irmãos. E por isso o apóstolo João exorta aos irmãos, que o amor sacrificial também não é mera opção para eles. Antes, era um mandamento, que por sinal era tão antigo quanto o próprio Evangelho.
No versículo 6, ele mostra exatamente em que consiste esse amor: “E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos”. Apesar de estar em pauta o relacionamento interpessoal dos cristãos, João não utiliza aqui a palavra “filéo”, que é a o significado de afeição fraternal por alguém. Antes, o vocábulo empregado pelo apóstolo para se referir ao amor é o conhecido “agape”, esta palavra é usada em quase todos os casos onde está sendo abordado o relacionamento entre Deus e o homem.
O amor tem uma conexão muito estreita com a fé, a justiça, e a graça, pois tais conceitos têm um único ponto de origem, na pessoa de Deus somente, pois Deus é amor, justiça, etc. Para João, o amor é um sinal e uma prova de fé: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1 João 4.7). Um pouco antes, ele declara: “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica a justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão” (cap. 3.10).
A grande questão que João queria passar aos “filhos da senhora eleita” era que o amor ao irmão se deriva do amor de Deus; e sem o amor ao irmão, não pode haver relacionamento com Deus. O amor que aquelas pessoas deveriam vivenciar umas para com as outras não se resumia unicamente a uma mera simpatia, amizade ou atração. O amor enfatizado aqui é um mandamento de Deus, ou seja, envolve a ação. Amar as pessoas, sacrificar-se por elas apesar de tudo.





II – A VERDADE DOUTRINÁRIA (vv. 7-11)

A partir do verso 7, ele se volta para os falsos mestres, os enganadores. João passa do trigo para o joio. João afirma a razão da sua preocupação: “Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo afora...”. Por ocasião do seu primeiro advento Jesus deu aos seus discípulos uma palavra de advertência a respeito do surgimento de tais enganadores: “pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos. Estai vós de sobreaviso; tudo vos tenho predito” (Mateus 13.22,23). João, então, está escrevendo no exato contexto do cumprimento dessa profecia. Os falsos profetas, os enganadores saíram pelo mundo disseminando as suas falsas doutrinas. (vivemos assim atualmente).
Prestemos atenção, no uso que João faz da palavra “enganadores”. Este vocábulo significa não apenas uma pessoa que induzem outras a terem pensamentos contrários, errados, mas acima de tudo uma pessoa que leva à outras  cometerem atos errados. E é fato, meus amados irmãos, que o erro de um conduz à pratica do erro de outros, uma crença fundamentada no erro e no engano leva à uma conduta cada vez mais perniciosa.
Aquele que nega as verdades de Cristo, diz João, é um enganador e um anticristo. Tais pessoas se opõem à verdade sobre Cristo e engana os homens. E era exatamente isso que aqueles cristãos deveriam evitar. Por isso, vem a palavra de alerta no versículo 8: “Acautelai-vos”, ou como pode ser melhor entendido: “olhem por vocês mesmos”.
Enfatiza mais uma vez no versículo 9. João continua com a sua advertência: “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho”. João continua advertindo aos filhos da senhora eleita contra o perigo dos falsos ensinamentos, e fazendo isso, ele está dizendo o erro a ser evitado para que eles continuem trilhando os caminhos da verdade.
Privados do Pai: esta era a situação dos enganadores combatidos aqui nessa carta. Apesar de todo o conhecimento que afirmavam possuir, tais pessoas não possuíam o Espírito Santo de Deus. E é exatamente por isso, que a Igreja deve caminhar na verdade repudiando os falsos ensinamentos. Sem o Espírito Santo ninguém pode conhecer apropriadamente os caminhos de Deus. Como poderiam os filhos da senhora eleita esperar que tais “mestres” lhes ensinassem apropriadamente os caminhos de Deus? Esse foi também o ensinamento do apóstolo Paulo, quando afirmou que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9). Ou ainda, “o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).
Por isso, João adverte novamente no versículo 10: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas”. Em vista do fato dos enganadores não possuírem o Espírito Santo de Deus e, conseqüentemente, estarem privados tanto do Pai como do Filho, o apóstolo agora os ensina a maneira correta como tais enganadores devem ser tratados.

CONCLUSÃO
Retomando a pergunta do inicio sobre o que é verdade? Devemos entender a verdade não é apenas uma coisa, um conceito, mas é encontrada em Cristo, no trilhar no caminho. É vivendo no convívio com os irmãos e com a comunidade, caminhando com Cristo e sua igreja onde encontraremos a verdade, no Caminho.
As aparências podem ser enganosas. À primeira vista certos ensinamentos podem parecer claras expressões da verdade, mas na realidade não passam de ensinamentos ímpios e satânicos. Tenhamos força e acima de tudo, coragem para rejeitarmos completamente qualquer ensinamento que não procede do Espírito Santo e permaneçamos firmes, alicerçados na Palavra de Deus: “Santifiquemo-nos na verdade; a Palavra de Deus é a verdade!” 

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