segunda-feira, 19 de março de 2012

Cultuando com o Corpo de Cristo

1 Co 10:14-23

Introdução

Quando nos referimos a participar da Ceia do Senhor, pensamos em um momento de reflexão na vida e nas atitudes como cristão. Observamos que a Ceia, nas muitas vezes, é tida como um ritual vazio de significação. Sabemos que isso não é verdade, mas encontramos no meio da Igreja do Senhor homens e mulheres carregados de supertições e religiosidade perniciosa que trazem ao seio da Igreja essas falsas convicções.
Assim como foi nos dias de Paulo a Igreja do século XXI deve reavaliar sua conduta na ceia, pois este é um momento onde cultuamos a nosso Deus  como corpo de Cristo e fazemos cumprir a memória que Ele nos ensinou a guardar.

Elucidação

Para entendermos o texto da nossa reflexão, faça-se necessário uma análise social, econômica e religiosa da cidade de Corinto nos dias do apóstolo Paulo.

Coríntios
·         Rota comercial marítima (2 portos)
·         Centro comercial com muitas fábricas (inclusive uma de grande importância – cerâmica)
·         Lugar de passagem de povos das mais diferentes nacionalidades
·         Um templo dedicado a Afrodite que com o culto gerou uma contínua imoralidade na cidade
·         Desde o fim do século IV a 198 a.C foi subjugado ao império macedônico e destruída
·         Em 46 a.C reedificado por César recuperando sua  prosperidade

Igreja em Corinto
·    
            Segundo At 18 temos o início desta igreja. Em aproximadamente 50 d.C Paulo sozinho desloca até lá. Estava abatido (1 Co 2:3) ficou na casa de Áquila e Priscila. A 1ª igreja iniciou-se na casa do casal.
·         Pregava inicialmente na sinagoga depois centrou sua mensagem aos gentios. Muitos habitantes foram convertidos, inclusive chefes da sinagoga, Crispo e Sóstenes (1 Co 1:14), no entanto, Paulo não batizou nenhum.
·         O período passado por Paulo em Corinto prolongou-se por 18 meses (At 18:11)
·    A igreja de Corinto era grande ( At.18:8, 10) e livre de perseguições o que dava uma certa comodidade.
·         Uma comunidade heterogênea: judeus convertidos, gentios, ex-pagãos, membros vindos de um passado de vícios.
·         Os hábitos pagãos ( 1 Co 6:15), os clubes pagãos (1 Co 8 a 10), as refeições em Templos pagãos (1 Co 10:27s) eram coisas que ainda faziam parte dos “pagãos” convertidos e dos tementes a Deus. Foram exatamente essas coisas que Paulo deu mais atenção.
·  Chama-nos a atenção o enfoque que Paulo dar a manifestação dos dons, principalmente o de línguas, visto que o êxtase era um fenômeno reconhecido na religião Greco-oriental, um deleite para os coríntios, era um “velho costume” ( que mostrava a sua arrogância, confusão e contenda).
·        Tendências helenistas pagãs eram fortes, como por exemplo: a salvação era vista em termos de sabedoria, na possessão de conhecimentos do universo.
·  A herança pagã dos convertidos pairava sobre a Igreja, influenciando-a negativamente nos ensinamentos cristãos. Ex: o casamento, ressurreição, promiscuidade sexual – materialismo negativo “gnosticismo”.
·    Inclusive uma das influências atinge o seio dos cultos de fraternidade, ou de comunhão. Influenciados pelo ceticismo grego estes cristãos não exerciam a adoração a ídolos (1 Co 8:4), no entanto as formas pagãs de culto continuaram. Essas atitudes nutriam supertições ao culto cristão. Para estes sua fé em Cristo era real, assim como os demônios também são. A ceia passa a ter um caráter mágico.
·         Para estes a Ceia do Senhor tinha poder imunizante contra influências demoníacas.

Transição: Paulo trabalha uma linha de argumentação centrada na visão do corpo de Cristo como sinal da comunhão com Deus e a comunidade

Esboço:

1.  Somos corpo místico de Cristo

·    Paulo trabalha com a perspectiva da participação, esta está inerentemente ligada a comunhão. A Ceia do Senhor é a comunhão com Cristo; no caso da pagã comunhão com os demônios (1 Co 10:19s)
· Desta forma Paulo fundamenta sua ideia da tradição da Ceia argumentando a razão pelo qual a palavra “pão” sucede a “cálice”, devido o pão conter o conceito “corpo”. Já comunhão foi posta como interpretação da ligação do tema comunhão na mesa (1 Co 10:16s).
·  O corpo de Cristo é a união mística (espiritual) de crentes de todas as partes e eras que são um na comunhão do corpo e do sangue, cujo o cabeça é Cristo.
· Por isso está interessado de tratar na carta as consequências concretas que a participação dos cristãos nas refeições pagãs possa gerar. Eles não possuem um mesmo pensamento em Cristo. A diversidade na unidade é tema paulino em corinto, a questão aqui é exatamente a unidade de fé que é essencial no corpo de Cristo. A ideia de corpo místico de Cristo esta ligada a uma mesma intencionalidade de fé, espírito, igreja e Senhor.(Ef. 4:4-6). A unidade do Espírito no vínculo da paz (v.3).

2.  Somos corpo místico com os irmãos

 Na Koinonia do Senhor está firmado um comprometimento exclusivo. A participação da ceia cultual surge Comunhão (1 Co 10:20), mesmo sabendo que o poder da divindade é nula, sabemos que ela é real, visto que são demônios.
. O cristão que “comunga” com demônios despreza a comunhão de Cristo e do seu corpo (irmãos e irmãs) na comunhão na mesa (1 Co 8:12).
 E deixa de ter comunhão na mesa e com o corpo
. Ou seja quem participa da mesa de demônios participa também de seu corpo (maléfico, ímpio, caído, depravado).
. A comparação que Paulo faz de ambas as ceias reflete a profundidade que possuem em sua comunhão. Outras comparações podem ser vistas: homem e a prostituta tornando um só corpo; a união com Cristo que faz de nós um Espírito junto com Ele (1 Co 6:16s).

3. O valor sacrificial da Ceia

 Paulo insiste no aspecto sacrificial da ceia.
Paulo quer conscientizar definitivamente aos coríntios que se afastem dos sacrifícios pagãos.
. Por isso ele pede que se reflita nas palavras na ora da celebração. “por isso examine-se, pois o homem a si mesmo”.

Conclusão

·    Os verdadeiros membros do corpo de Cristo servem unicamente ao Senhor Jesus como seu único e eterno Deus. E nenhum outro mais. Ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (Ap 19:16)
·    Os verdadeiros membros do corpo de Cristo entendem-se como comprometidos com o mestre e seus servos que são os irmãos. A eles servem com amor, suportando suas fraquezas e sendo um como o Pai e Cristo é.
·    Os verdadeiros membros do corpo de Cristo reconhecem que o sacrifício de Cristo não foi vão e que tem um valor sacrificial em minha vida. Não vivo eu, mas Cristo vive em mim (Gl 2:20).

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